sábado, 16 de fevereiro de 2013

MORREU UM HOMEM, UM JORNALISTA E UM ESCRITOR QUE AMAVA MATOSINHOS - A SUA TERRA

A notícia triste chegou-nos ontem ao fim da tarde fria: morreu o Oliveira Lopes. Um matosinhense, entre outros, que levei atrás de mim para o jornalismo. O António foi um dos melhores. Há muito tempo em sofrimento, desde que deixou a secretária no seu JN, nunca mais foi o mesmo. Escreveu dois livros que ficarão para a história da vida da gente do mar. As suas vozes e os seus costumes, Oliveira Lopes soube retratá-los como ninguém mais o faria. 
Em sua homenagem, transcrevo o que ele próprio escreveu na abertura do seu livro "Pedaços de Mar":
"Nasceu a 4 de Agosto de 1942, na Avenida Serpa Pinto, na viela da Ti'Maria Garrana e do Ti' Xico Sampaio.
Filho de Hernâni de Oliveira Lopes e de Emília de Oliveira Granja, teve uma infância acompanhada, quase sempre pelas tias, que ali moravam, porque foi o neto mais velho do Ti'Xico e da Ti'Maria. Todavia, ainda com tenra idade, foi atormentado por uma dor, que lhe havia de atravessar o corpo e alma: aos três anos de idade, foi operado à vista esquerda, no Hospital de Santo António no Porto.
Ficou sempre assinalado por esse infortúnio que alguns diziam ser fatídico.
Sobreviveu. Lutou. Cresceu. Mais tarde, foi morar para a Trav. Comendador Camacho Teixeira, que a sabedoria popular apelidou da Rua do Cu Tapado, obviamente por não ter saída.
Daí partiu para a Escola Primária dos Sinos, como gostou sempre de dizer, e, mais tarde, frequentou as Escolas Gomes Teixeira e a Infante D. Henrique, no Porto.
Tirou o Curso Industrial, já de noite, porque de dia foi trabalhar para a APDL. Como trabalhador estudante ainda conseguiu o curso de desenhador e admissão no Instituto Industrial.
E aí que se manifesta interessado em processos culturais: primeiro no Orfeão de Matosinhos, como declamador e actor de teatro de amadores: depois, pela mão de Joaquim Queirós, hoje director do "Matosinhos Hoje", como colaborador desportivo no "Mundo Desportivo", já extinto, e, depois no "Jornal de Notícias".
Então, principia a sua grande aventura pelas artes e pelas letras, sempre com o coração no mar que lhe deu o seu ser, ou não fosse ele filho de um pescador e de uma varina.
Em 1984, passou de técnico industrial de uma fábrica alemã que ajudou a formar, em 1970, na Trofa, a jornalista profissional.
Sabedor das coisas do mar, veio a tornar-se um especialista em coisas do mar e, também, em corridas de automóveis, de que poderão ser exemplo os circuitos do Ave, em Vila do Conde, e de Vila Real. Tal plenitude, sempre à base de esforço, haveria de o levar a fazer a cobertura jornalística dos Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta, Estados Unidos, a sua consagração jornalística e da atleta Fernanda Ribeiro.
Editou o livro "Vozes do Mar e, mais tarde, "Pedaços do Mar".
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Morreu hoje o António. Perdeu-se um bom jornalista e um homem bom que gostava da sua terra e era um amante do Mar.
Deixou-nos aos 70 anos. Com sofrimento. A seus filhos, esposa, netos e mais família deixamos um grande abraço de solidariedade nesta hora de dor. Também nós perdemos um amigo. Um dia destes nos encontraremos na crista de uma onda ou na espuma duma nuvem.

1 comentário:

  1. O funeral é amanhã, segunda-feira, 18, pelas 16 horas, no Tanatório de Matosinhos

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