quinta-feira, 29 de setembro de 2011

ORDEM PARA MORRER

Aos poucos a recuperação vai-se fazendo. É na segurança social: cortes. É nos medicamentos: cortes. É nos transplantes: quase zero. Agora as taxas moderadores. A classe média já não tem mais nada nos bolsos que não seja cotão. Os mais pobres e, sobretudo os aposentados, pedem que lhes saia o euromilhões e que será a chamada do São Pedro.
A hora é mesmo para morrer. E não nos admiramos nada que, por alvitre da Troika, se consiga um financiamento para pagar o funeral aos que quiserem ir andando.

O PASSADO E O PRESENTE ATORMENTA-0

Quem esteve atento à recente entrevista de Cavaco Silva notou que o Presidente está a viver um momento de frustração. Depois do 25 de Abril nunca tivemos um Presidente da República com tão pouco sangue quente. Porque será? Lembra-se certamente dois seus 10 anos de governação à solta, com maioria absoluta, com o dinheiro da Europa entrar pela telhado, não conseguindo aproveitá-lo e dar um rumo certo ao Portugal que tinha nas mãos. Gastou tudo ou quase em cimento. Depois abriu as portas aos amigos, na maioria bem finos, que no escândalo BPN bem se evidenciaram, para além de terem sido colocados nas maiores empresas e nos melhores negócios. Fez lembrar o Américo Tomaz que para ele pouco deve ter ganho, mas que abriu a porta da capoeira às raposas...
Agora, na presente vida de calamidade económica e financeira, o Homem a quem os portugueses confiavam que soubesse dar uma palavra de esperança e não se tornasse "avalista dos amigos do Governo", chamando toda a gente à realidade, inclusivé o presidente desbocado da Madeira ( quando teve a questão do estatuto de autonomia com os Açores) assustou o País com uma alocução ao mesmo, por se sentir incomodado, mas agora o amigo Alberto João com desgovernos, fuas de informação, insultos a torto e a direita e ameaçando com independência, mereceu meia dúzia de palavras numa feira em Valpaços.
Como é que os portugueses vão ganhar coragem se o "seu" Presidente mal se ouve falar e quando o faz é no remanso do jardim de Belém, ao luar.
Há o Parlamento, há inúmeros oportunidades para dar força. Embora, na altura, lhe tivesse faltado preparação intelectual, temos saudades do pão, pão, queijo, queijo, de Eanes.
Cavaco não mexe com os portugueses. Anestesia-os.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

104 ANOS

O Leixões vai comemorar os seus 104 anos de existência. Uma vida gloriosa. Uma camisola rubro e branca que já foi vestida por milhares de cidadãos e cidadãs. Oceanos de lágrimas que inundaram olhos que riam ou choravam. Glorioso nas vitórias e respeitador nas derrotas. Um clube que é nacional e internacional e que atravessa transversalmente o concelho de Matosinhos.
O Leixões que vive uma hora de crise existencial no seu aspecto administrativo, mas que desportivamente vai continuando a afirmar-se do futebol ao voleibol, passando pela natação e o bilhar. Um Leixões que precisa de regressar ao seu eclectismo. Um Leixões entregue unicamente a homens e mulheres de boa vontade, enquanto a maioria da população se esquece dele e o tecido empresarial só se lembra se houver golos...
Nesta hora que deveria ser de enorme euforia, pois passar um centenário é um marco histórico só acessível aos grandes lutadores, há uma incerteza a pairar sobre a instituição com o seu grave problema financeiro, com o Estado a tentar não o deixar sobreviver, impedindo que o Estádio do Mar possa ficar para sempre a ser propriedade de Matosinhos, por vontade de aquisição por parte da Câmara Municipal. Vive-se um momento extremamente melindroso.
Se for vetada superiormente a venda do Estádio, tal como Matosinhos já decidiu, o Leixões poderá sofrer forte machadada na sua vida.
Daí que este modesto associado nº. 166, deste cantinho peça que todas as boas vontades se unam e se Lisboa decidir querer cortar as pernas e a cabeça ao nosso clube, pois que fiquem com o Estádio do Mar, sem naquele espaço se poder construir mais nada que instalações desportivas, julgamos nós, e voltemos ao Campo de Santana, cedido pela Câmara para ali erguermos um pequeno estádio e ali voltarmos a gritar pelo clube. Seria bonito ali erguer-se algo que homenageasse o Leixões da gente do Mar.
Vivemos uma hora de todos nos envolvermos na continuidade do nosso clube.
E, também, no momento em que o nosso vizinho Leça FC se encaminha para o centenário, vivendo igualmente o problema da venda do seu estádio, pois que o credor fique com ele e a Câmara abra as portas do Campo da Bataria, melhorado, para nele as cores leceiras continuarem a ser aplaudidas.
Vamos a isso, matosinhenses.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

NÃO É PARA RIR, MAS...

Esta apanhei-a no facebook. Parece ser da autoria de João Silva. Parabéns. Faz-nos rir, apesar do muito choro que ainda vai haver. Mas que ele está mesmo a contar com o continente, lá isso está. Não há outro maneira. Os cubanos é que vão pagar a parte maior das fumaças e das desgraças do João.

NEM O MACACO ACREDITA

Os roubos são o pão nosso de cada dia. Noticiário sem assaltos é como o mar sem peixes... A Policia não tem mãos a medir e cada vez será mais dificil pois falta dinheiro para a gasolina e, qualquer dia, munições. As queixas dos profissionais criados para a defesa do bem estar da população são muitas e também, todos os dias, ocupam espaço na informação. Ourivesarias, máquinas de multibanco, estabelecimentos comerciais, bem como algumas vezes até mortes. Os amigos do alheio são cada vez mais e a falarem as mais diversas línguas, segundo se percebe das notícias. Quer dizer: ninguém vive em sossego, nem livre de ser assaltado. Até a própria Policia, como hoje se soube. Em Lisboa, dizem que a mulher de limpeza, assaltou as instalações da polícia de investigação e toca de carregar com computadores e outros equipamentos. Nem a tranca da porta trancada escapa.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A ONDA VAI CRESCER

A noticia horrivel, cheirando a sangue, a corpos trucidados, está no jornal. Dois irmãos, de 53 e 57 anos, homem e mulher, despejados da casa onde residiram com a mãe que morreu aos 88 anos, ele desempregado e ela sem emprego, foram parar à rua sem apoio de ninguém, vivendo debaixo do cartão e certamente alimentando-se nos contentores. Não conseguiram aguentar e no auge do desespero puseram termo à vida atirando-se para debaixo de um combóio. Em Lisboa. Morreram. Acabaram com o seu sofrimento, sofrimento que começa a multiplicar-se e que poderá atirar-nos para um suicidio lento. É bom que se pense nisso e é urgente trancar as portas aos desejos de consumo e abri-las para a solidariedade, estando atento a quem vive e passa a nosso lado. Há gente que queima papeis para sair fumo pela chaminé e dar a entender aos outros que estão a cozinhar. A fome embrulhada em vergonha, o desespero a servir de manta.
Esta é realidade. Talvez carregada nas tintas negras, mas é verdade que vamos ter ainda dias de mais dor. Estejamos atentos aos nossos procedimentos e aos dos outros. É a hora de quem tem muito, ficar com menos. É a hora de haver Justiça Social.

102 ANOS

Há quase 80 anos, na bonita Igreja de Leça da Palmeira, casou-se a Eugénia com o Delfim. Vinte e dois anos antes nasceu uma menina, filha de pai incógnito e que foi gerada por Antónia Vieira. Nasceu nos confins do Douro, nas alturas do Pinhão, em Gouvães do Douro, a 21 de Setembro.
Poucos anos depois, ficou sem mãe e um casal leceiro recebeu-a como filha, ali para as bandas da rua de Oliveira Lessa, numa casa baixinha que ainda hoje lá está. A avó adoptiva Laura tratou-a sempre como uma neta.
Ora essa menina enjeitada pelo pai foi a minha mãe. E hoje faria 102 anos. Durante muitos anos dei-lhe um beijo, mas só durante meio século. Depois disso ela também me deixou. Tinha 52 anos.
Hoje, mãe, sei que estás num cantinho da Eternidade, certamente tendo por perto os cachos de uvas que enfeitaram o teu berço e sussurrar das ondas do mar de Leça da Palmeira que te embalaram. Já não te posso beijar, mas posso não te esquecer. Ao meu pai que também estará junto de ti, diz-lhe que continuamos a chorar por vós os dois.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

À ATENÇÃO DOS LEIXONENSES E MATOSINHENSES

O velhinho e glorioso clube alentejano - Lusitano de Évora - que nas décadas de 50 e 60 andou pela I Divisão, durante 14 anos, com magníficos jogadores e o lendário Patalino, acaba de anunciar que acabou com o futebol profissional. Mais um histórico que desaparece e muitos outros andam a arrastar-se pelas divisões secundárias, à espera do cangalheiro.
Um momento de reflexão para os leixonenses que, embora estejam a viver um momento de agradável perspectiva desportiva, continua a sofrer do mal canceroso do ostracismo de Matosinhos e dos seus habitantes. Não há que iludir. Ou a terra acorda para a vida do seu principal clube, não se ficando pelos projectos e pelas esperanças atiradas aos quatro ventos, não se aprontando na mesa as decisões, preto no branco, com a cidade a testemunhar e colaborar, ou teremos de um dia lamentar como a esta hora lamentam os nossos amigos e antigos adversários alentejanos.

GENTE BOA

Guilherme Costa é gente, boa gente, conhecida dos matosinhenses.
Actual Presidente do Conselho de Administração da RTP, economista e
mestre de Economia, acaba de ser convidado a entregar ao Governo um Plano de Reestruturação dos Canais televisos e da RDP. Acabou de o fazer e agora, palpite nosso, vai haver um cumprimento do ministro Relvas e adeus doutor José Guilherme. É o costume. E o filho do saudoso Renato Costa, mostrará um sorriso.

BEM MERECE A REFORMA

A italiana que há vários anos exibe os seus predicados, que mostrou os seios ao vivo na TV (o Goucha é testemunha), que ofereceu sexo a Bin Laden e foi, durante 10 anos deputada no Parlamento italiana, acaba de festejar 60 radiosas primaveras e foi reformada (como política) com o valor de 3.000 euros mensais. É muito pouco para a animação que ela terá dado a todos os deputados e, sobretudo, ao insaciável Berlusconi. Valia uma reforma maior. Estamos a pensar nalgumas deputadas portuguesas que levaram uma reforma parecida, mas que não mostraram os dotes da Cicciolina. Uma boa reforma, pois os 60 anos ainda prometem muito...

PARECE ANEDOTA, MAS NÃO É

A notícia vem nos jornais e parece anedota, mas não é. Escreve-se os sinos dos carrilhões do Convento de Mafra, com o peso de 18 toneladas, podem de um momento para o outro cairem no chão, devido à má condição das estruturas que os suportam. A deficiência já terá sido detectada há 10 (!) anos e montaram-se andaimes para tratar da grade situação. A disponibilidade divina tem segurado os sinos, pois a indisponibilidade dos políticos essa está à espera que tudo se despedace, que fique em pedaços, pois há muita gente que anda à procura do bronze. Afinal não só buracos na Madeira, mas também na cabeça de muitos que se julgam responsáveis.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

OS QUE PODEM AOS QUE PRECISAM

Sem papas na língua (até já Salazar o tinha dito há mais de meio século). Os que podem aos que precisam. A crise não pode ser paga por quem conta os tostões para viver, mas sim os ricos e as empresas poderosas. Não pode ser quem recebe o salário mínimo ou a chamada classe média. Eu julgava pertencer a esta última, mas sou dos que chego ao fim do mês ansiosamente à espera do dia 10 para receber a pensão de reforma (enquanto houver fundos estatais para isso).
Vive-se hoje pior do que eu vi e vivi no tempo da II Guerra Mundial. Hoje sofre-se mais, pois antigamente havia pouco, mas hoje o povo sabia o que era viver um pouco melhor e, agora, é mergulhada no não ter nada. É muito dificil um dia ter e depois deixar de o ter. Quem nunca teve sofre menos, embora seja triste.
Eu, por mim, sem complexos de o afirmar, nunca julguei chegar perto do fim da vida e a nem cotão ter nos bolsos. Aflige-me, ainda, os mais novos, aqueles para quem um mundo negro se abre.
Ou quem pode acode aos que nada possuem, ou estamos a caminho duma III Guerra Mundial. E venha ela, porque sermos mortos lentamente, custo muito mais.

NÃO PODE SER!

Não é de acreditar. Segundo o "Público" Cavaco Silva, quando recebeu, em Julho, os partidos regionais já sabia da "face oculta" das contas da Madeira. E ficou tudo no segredo da "troika". Isto, na verdade, vai ter de ser muito bem explicado para sabermos no país em que vivemos. Nós já vamos sabendo, mas cada vez sabemos mais. Até apetece chorar. De raiva.

domingo, 18 de setembro de 2011

É PRECISO APAGAR O FOGO

Infelizmente parece que a vida para os Bombeiros Voluntários de Leixões as coisas não estarão a correr bem. Há focos de incêndio na sua vida administrativa e os seus actuais dirigentes não tem mãos em medir em atacar o "sinistro financeiro". Pelos vistos, não é só o Alberto João Jardim que esconde as facturas...
Parece que tudo se está a acalmar, mas o rescaldo vai ser dificil e vai demorar uma dúzia de anos a reerguer-se dalguns escombros.
É a altura de aparecerem matosinhenses voluntários para ajudarem os voluntários dos Bombeiros de Leixões, uma instituição que caminha para o século de existência.

TURISMO E A RUA BRITO CAPELO

Todas as semanas eles andam por aí - os turistas. São, sobretudo, gente para além da meia idade. Encontram-se como temos sido testemunhas, passeando em Brito Capelo, fugindo de dar pontapés nas pedras da calçada chinesa, param a ver os estabelecimentos quase só de chineses e os portugueses de taipais corridos. Em lugar de animação, desanimação. Vão, certamente, apesar das poucas horas de pousio, com uma má recordação matosinhense. Não sabemos se alguém os leva a cheirar e saborear, ao menos, a sardinha assada e a ver algumas das coisas bonitas que temos. É natura, acreditamos que os responsáveis pensem nisso, mas que temos visto muita gente abandonada, portanto desorientada e vendo coisas que não se devem mostrar, lá isso vimos.

A MADEIRA É UM JARDIM

Anda tudo de cabeça à roda - de Lisboa a Bruxelas e da capital belga à Ilha da Madeira. Albertoão João Jardim escondeu uns milhões de dívidas e, agora, as contas estão cada vez mais falidas. Mas para o líder madeirense não se passa nada, pois os "cubanos" que se entendam. No PSD ninguém quer ouvir falar dos desmandos ilhéus; Passos Coelho deve ter perdido o sono, tal como os portugueses, mesmo os que vivem nos confins de Trás os Montes.
Este prsidente madeirense que se prepara para bater o triste récord de Salazar no poder irá continuar a desafiar tudo e todos, incluindo o Presidente da República, tanto o actual como os anteriores.
Vivemos num país de loucos!

A NOSSA JUSTIÇA

Dizem que vivemos numa democracia e na qual a Liberdade e a Justiça são dois pilares importantes. A Liberdade vai havendo alguma, mas quanto a Justiça estamos falados: pouca e a passo de caracol. Lenta quando os interesses económicos são muitos e pouca quando os queixosos são gente que não conta - os chamados pés rapados.
É o processo Casa Pia que ninguém sabe quando vai ter o seu fim, talvez quando os actuais condenados já tiverem desaparecidos: uns para longe e outros para sempre; é a Operação Furacão que começa a ter a força duma brisa à beira Tejo; é o famigerado Freeport que só teve importância quando se fez a perseguição feroz a Sócrates; é o BPN que certamente terá a leitura da sentença nos aposentos de São Pedro; é o processo do BCP em que se poderá virar o feitiço contra o feiticeiro porque o dinheiro, repentinamente, ficou a valer menos e quem tinha muias acções e valiosas passou a ter acções mais baratos do que papel para forrar paredes; é o processo do Godinho que parece ter ido para a...sucata; o processo dos sobreiros que não irá colocar ninguém à sombra; o dos submarinos que deve ter submergido no mar da palha; etc. E há muitos mais.
Acresce que a criminalidade é o pão nosso de cada dia. Mata-se por 50 euros. E os malfeitores que são apanhados, na sua maioria ficam com residência fixa ou pulseira electrónica. Dois bons negócios: um para quem vende passagens aéreas e outro para quem constrói pulseiras.
E é este o país da Liberdade e da Justiça.




sexta-feira, 16 de setembro de 2011

MAS O QUE É ISTO?

Pois é, a segunda figura do Estado, a presidente da Assembleia da República, dr^ª. Assunção Esteves, aos 42 anos conseguiu a reforma de mais de 2.500 euros! Estou a falar verdade, só porque trabalhou 10 anos no Tribunal Constitucional. Temos o maior respeito pelo seu lugar na cadeira maior do Parlamento, até pela sua simpatia, mas não a julgava capaz de assinar por baixo o seu pedido de pensionista. Ao fim de 10 anos de trabalho e 42 de idade. Eu, e muitos como eu, começaram a trabalhar aos 10 e só quando surgiram os 65 é que o Estado nos considerou com direito a uma reforma. Para muitos uma esmola.
Na verdade estamos a viver no país muito desigual. Não foi para isso que choramos e aplaudimos o discurso de Spínola há 37 anos. Julgo que conseguimos ter liberdade para perder a vergonha.

O SORRISO DO SOFRIMENTO

Foi uma noite negra, mas feliz. Para todos os que estiveram no Salão Nobre do Município na noite da passada quarta-feira. E o paradoxo que possa haver na leitura da frase inicial é que apesar do negro da saudade que ali se viveu, recordando os 100 anos de vida do eng. Fernando Pinto de Oliveira, retratados em livro por um ilustre cidadão que nos deixara a uma escassa semana, com muitos com lágrimas por secar pela perda do Magalhães Pinto, sentiu-se no ambiente gerado uma saudade dourada pela existência de dois homens. Ouviram-se muitos adjectivos elogiosos, muitas justas palmas. Mas o brilho de muitos olhos húmidos foram o colorido de quem não teve dúvidas de se curvar perante a memória de dois Homens que a morte nos roubou, mas que a recordação nunca nos deixará de louvar. O agradecimento sereno e lindo na face da Silvia que sofre e o agradecimento do Poder que cumpriu o seu dever e que reconhece que o mesmo Poder não é eterno. Só a saudade, a recordação. (fotos recolhidas no site da Câmara Municipal de Matosinhos)

terça-feira, 13 de setembro de 2011

E NINGUÉM LHE PREGA UM SUSTO!

Eu sou um dos admiradores do humorista inglês, agora reformado, Mr. Bean. Um humor de nos fazer rir até ao limite. E, por isso, quando vi, pela primeira vez, a figura do nosso ministro das Finanças, verdadeiro sósia daquele cómico, pensei que iria ser agradável ouvi-lo. O que nós pensamos?! De comediante não tem nada, mas sim de protagonista de dramas de faca e alguidar. Em meia dúzia de papeis A4 deu-nos cabo da vida, desde o subsídio para o bacalhau do Natal, até aos mais variados impostos. E, hoje, já anunciou que virá por aí ainda mais mau tempo.
Quer dizer, os gregos estão cada vez mais gregos, mas os portugueses vão recuar até à pré-história e vão ter de andar de tanga, cajado e ir para o monte caçar animais, enquanto os houver, quando não, por algum tempo, comerão erva.
Eu que vivi no tempo de ir de madrugada para a "bicha" para arranjar um sêmea (pão) e ajudar os maus pais a colar etiquetas nos cartões do racionamento dos géneros alimentícios, agora só deverá haver uma mudança: a "bicha" será efectuada pela internet. Ai António, António, desculpem, ai Vitor, Vitor...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

É PENA A MARÉ BAIXA...

Nos últimos dias testemunhamos a azáfama, a presença efectiva, de confrarias gastronómicas no programa as 7 Maravilhas da Gastronomia, numa demonstração de vitalidade na promoção e preservação de saberes e sabores das mais diversas terras portuguesas. Foi para isto que se formaram as confrarias, tal como Matosinhos possui a sua (Confraria Gastronómica do Mar), com 10 anos de existência e muitas das que vimos são mais novas do que a nossa (dizemos NOSSA porque fomos uma das três pessoas que a fundaram).
Daí a pena, melhor dizendo o desgosto, por não sabermos o que se passa com a Confraria matosinhense. Não teremos muita razão para fazer a pergunta, pois já nos demitimos da mesma, precisamente pelo seu marasmo que se ficava pela festa anual do Capitulo e com um ou outro almoço ou jantar, sem nos mesmos ser incluída qualquer razão subjacente aos estatutos e que é a defesa e a preservação da gastronomia ao mar e de que Matosinhos é uma montra nacional.
Tudo o que se tem feito tem sido por decisão e orientação da Câmara Municipal e por uma Associação de Restaurantes, recentemente criada.
Não foi para isto que se criou a Confraria. É preciso encher a maré. Nós, como matosinhense, temos pena.

domingo, 11 de setembro de 2011

HÁ 101 ANOS

Fará no próximo dia 21 de Setembro 101 anos que nasceu minha mãe. Na bonita terra duriense de Gouvães do Douro, a poucos quilómetros do Pinhão. Filha de pai incógnito, até aos dias de hora, certamente um senhor rico daquelas terras que despejou na pobre da cozinheira da casa a sua força certamente de patrão e homem.
Muito tarde (minha mãe morreu aos 52 anos) tentei procurar a origem de quem não lhe deu o nome. Só para saber. Sem sucesso, embora perceba que haja ainda por aquelas bandas que esconda algo que poderia fazer luz.
Várias vezes tenha ido a Gouvães do Douro. Apalpa as pedras, provo as uvas, mesmo cobertas de pó, visito a igreja em que a Eugénia foi baptizada há 100 anos, sinto como se algo me atraísse. Trouxe comigo - e todos os dias passo nela as minhas mãos - um bocadinho de terra diuriense.
Sei que irei morrer sem ter acesso a qualquer informação. Mas ainda quero voltar a Gouvães. Também é a minha terra.

TRISTEZA

Na última semana fui abalado pelo desaparecimento de um velho e grande amigo - o Magalhães Pinto. Naturalmente fui acompanhá-lo à última morada no meio duma multidão. Ao fim de mais de um ano de minha hibernação, de luto, pela perda do meu jornal, encontrei muitos amigos e alguns conhecidos. Ouvi muitos lamentos pela morte do "Matosinhos Hoje". Disseram-me que Matosinhos ficou sem voz. Mas foi isso que os matosinhenses quiseram. Levei 17 anos a tentar sensibilizar a gente da minha terra para assinar o "seu" jornal" ou para com ele colaborar com meios para a sua subsistência - a publicidade. Foram mais os que nos criaram problemas do que aqueles que me ajudaram. Houve até quem tinha a obrigação da ajuda e negou-a. O fim tinha de chegar e com ele o meu arrastar para uma condição social de quem de tudo se ter desfeito do seu valor financeiro e patrimonial. Mas fiquei vivo.
Sofri com a morte do meu amigo (quem gritou bem alto no último número do MH (ver gravura), ele que colaborou desde o primeiro jornal que saiu a 15 de Setembro de 1993.
Fiquei com dívida vários amigos, poucos, é verdade, mas alguns que não tinham praticamente obrigação de me ajudar. A 26 de Outubro irei responder em Tribunal (mais minha mulher e minha filha) por uma pequena dívida ao Estado. Certamente serei condenado, ao contrário de muitos que devem milhões e nem no banco dos réus se sentam.
É a vida. Mas esta também já não deve ter muito tempo para mais me castigar. A morte do Adélio Magalhães Pinto permitiu-me, mais uma vez, desabafar.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"NÃO HAVERÁ AMANHÃ"

"A política, tal como é exercida na democracia parlamentar, ou corrompe ou expulsa."
Assim escreveu o saudoso Adélio no seu livro "Não haverá amanhã". em Novembro de 2010. Ele escreveu e soube porque o fez, porque sentiu na pele a "falsa democracia", o ostracismo por falar e não dever nada a ninguém, por nunca ter sido um dos eleitos do partido para o galarim não da política, mas do dinheiro fácil. E, assim, razão tinha ele para afimar que não haverá amanhã.
AÍ ESTÃO ELES!
Neste fim de semana, em Leça do Balio, juntam-se as tropas. As armas vão tilintar às portas do Mosteiro. Como há centenas de anos. E que façam barulho. E que se grite. De maneira a ouvir-se em Lisboa, em S. Bento e Belém. Pode ser que alguém se assuste. 

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

NÃO PARECE MUITO FÁCIL, MAS...
...ao olharmos para a vontade expresso no Governo, temos de colocar a arrumar a trouxa todos aqueles que teem mais de 70 anos, pois os medicamentos e cuidados médicos vão escassear ou custar muito caro; as urgências dos hospitais vão passar a ser "parques de campismo", com todos os doentes acampados, por falta de médicos; os medicamentos e tratamentos especiais vão ser artigos de luxo; e até as crianças não poderão ter acesso a todas as vacinas. Ora isto é a instituição da pena de morte, embora com uma sádica lentidão. Sobretudo quanto os velhos, melhor seria que fosse dada uma injecção e se chamasse logo o cangalheiro...

terça-feira, 6 de setembro de 2011

MORREU UM HOMEM, UM AMIGO E UM EXEMPLO
Fomos hoje surpreendidos com a morte repentina de um Homem - o Adélio Magalhães Pinto. Um amigo há mais de meio século. Um exemplo de quem venceu na vida a pulso. De empregado de balcão, a servidor de contabilidade, até aos bancos da Universidade, mas sempre a trabalhar. O ilho da Dona Glória enfermeira chegou a doutor. Mas não lhe chegou. Foi escritor admirado, com a publicação de vários. Estava a uma semana de apresentar mais um, uma obra de fôlego, no centenário do nascimento do eng. Fernando Pinto de Oliveira, que foi um presidente de Câmara de Matosinhos  leição no tempo em que se não era eleito. O Adélio, desculpem, o dr. Magalhães Pinto já não ouvirá as palmas pelo seu magnífico trabalho, mas ficará a obra que ele certamente lá em cima irá mostrar ao seu biografado.
Companheiros de muitas lutas pelas coisas de Matosinhos, sentimo-nos tristes e mais fragilizados. Deveria ir na frente dele, mas o Destino assim não quis.
À sua mulher, à viuva, à Sílvia de quem fomos testemunha dos seus primeiros dias juras de amor com o Adélio esperamos que consiga ter força para continuar a manter viva a imagem de quem partiu. A seus irmãos, igualmente pedimos para que o exemplo do seu irmão se mantenha aceso nas suas vidas. E coragem. A coragem que já nos vai faltando para ver partir os nossos amigos.
Até um dia destes, Adélio.
A Palavra de D. Manuel
Um dos motivos que me levou a quebrar o silêncio foi a palavra do "nosso Bispo", D. Manuel Martins, numa recente entrevista ao semanário "Expresso" e da qual retiramos se seguintes passagens que nos dão muito para meditar e para obrigar a agir.
O que mais o preocupa actualmente?
"Uma das coisas que me torturam mais é o desemprego. Eu tinha um vizinho que eram empregado bancário e foi despedido. Ficou tão destroçado que não disse nada a ninguém. À hora que costumava saír para o banco, saía de casa e regressava à hora que costumava regressar. Tinha vergonha até dos próprios filhos. É preciso ter sensibilidade para lidar com esta situações. Com todas estas privatizações e fusões - algumas até podem ser necessárias - já pensamos nos milhares de pessoas que vão ser despedidas? Com esta economia neoliberal e estas leis laborais iníquias, contra a dignidade e os direitos da pessoa, não sei como vai acabar. Uma pessoa está empregada hoje e amanhã dizem-lhe que não precisam dela. Agora diminuiram as compensações e o tempo de subsidio e preparam-se para amanhã não dar nada. Isto só vai piorar."
Não tem esperança numa melhoria?
"Quero acreditar. Mas tive muitas desilusões na vida. Quando foi a queda do Muro de Berlim acreditei que tinham finalmente acabado as guerras. Depois veio a dos Balcãs e já fiquei um bocadinho desiludido. Depois veio a União Europeia e eu acreditei que seria uma associação de iguais, em que os pequenos podiam valer tanto como os grandes, mas não é nada disso. Os (países" pobres, mesmo todos juntos, não são capazes de derrotar a vontade de um rico - da Alemanha ou da França. É uma Europa esfrangalhada., desorientada, que é a dois e não a 27. Ao fim e ao cabo, fomos associar-nos para engordar mais aqueles cavalheiros e nos minimizarmos a nós. Queimaram-se os campos, as vinhas, destruiram-se as produções, acabou-se com as pescas e tudo isso com que Cavaco embarcou, meio embebedado. Tudo foi pensado em função deles. <na altura até se podia pensar que isso era um bem, mas afinal havia intenções escondidas. Era apenas para se venderem os produtos deles."
O que podemos fazer?
"Se ao menos fôssemos capazes de voltar ao campo já não tínhamos fome. As crises às vezes são oportunidades... SE esta nos levasse de novo ao campo, não para ficar lá, mas para aproveitar a riqueza que nos dá, libertava-nos de muita importação."
A Igreja está a fazer o seu papel ou tem-se distanciado das pessoas?
"A Igreja faz festas muito bonitas e esquece-se de vir para o meio daqueles que sofrem. Tem acordado muito, mas atitudes que tem tomado são mais no sentido da assistenciazinha, da caridadezinha. Tem de ir mais longe.Ela mesmo tem que dar sinais."
Que tipo de sinais?
"Devíamos ser capazes de vender esse ouro todo que anda ao pescoço dos santos nas procissões.Os cordões e o anéis que o povo quer ver pendurados nos santos, para que prestam? 

Ora, então, bom dia!
Quem julgava que o Joaquim já cá não estava, aqui está a realidade: ele ainda mexe!
Estava para aqui no meu canto a recordar tempos recordados e nos quais era, a todo o momento, solicitado, esquecido dos muitos que me rodeava e deixaram de o fazer porque o "Matosinhos Hoje" se finou, arrastando o seu criador para o "já não conta", quando acordei para e realidade e afirmei: ó Joaquim tu ainda podes ser ouvido e discutido. E, por isso, aqui estou. Falarei do que me parecer devo falar neste mundo de confusão das coisas más e...das boas. Estas serão poucas, infelizmente. 
Vamos à luta porque parar é morrer. E sei que estarei perto disso, mas até não me colocarem a tampa, a minha voz soará na minha terra que, para mim, foi ingrata, mas a tal ingratidão responderei com a luta do que considero estar mal e, especialmente, por aqueles que vão ser esquecidos e desprezados.
Quero acabar os meus dias a lutar pelos meus ideais, pela minha gente.
Joaquim Queirós