terça-feira, 6 de setembro de 2011

A Palavra de D. Manuel
Um dos motivos que me levou a quebrar o silêncio foi a palavra do "nosso Bispo", D. Manuel Martins, numa recente entrevista ao semanário "Expresso" e da qual retiramos se seguintes passagens que nos dão muito para meditar e para obrigar a agir.
O que mais o preocupa actualmente?
"Uma das coisas que me torturam mais é o desemprego. Eu tinha um vizinho que eram empregado bancário e foi despedido. Ficou tão destroçado que não disse nada a ninguém. À hora que costumava saír para o banco, saía de casa e regressava à hora que costumava regressar. Tinha vergonha até dos próprios filhos. É preciso ter sensibilidade para lidar com esta situações. Com todas estas privatizações e fusões - algumas até podem ser necessárias - já pensamos nos milhares de pessoas que vão ser despedidas? Com esta economia neoliberal e estas leis laborais iníquias, contra a dignidade e os direitos da pessoa, não sei como vai acabar. Uma pessoa está empregada hoje e amanhã dizem-lhe que não precisam dela. Agora diminuiram as compensações e o tempo de subsidio e preparam-se para amanhã não dar nada. Isto só vai piorar."
Não tem esperança numa melhoria?
"Quero acreditar. Mas tive muitas desilusões na vida. Quando foi a queda do Muro de Berlim acreditei que tinham finalmente acabado as guerras. Depois veio a dos Balcãs e já fiquei um bocadinho desiludido. Depois veio a União Europeia e eu acreditei que seria uma associação de iguais, em que os pequenos podiam valer tanto como os grandes, mas não é nada disso. Os (países" pobres, mesmo todos juntos, não são capazes de derrotar a vontade de um rico - da Alemanha ou da França. É uma Europa esfrangalhada., desorientada, que é a dois e não a 27. Ao fim e ao cabo, fomos associar-nos para engordar mais aqueles cavalheiros e nos minimizarmos a nós. Queimaram-se os campos, as vinhas, destruiram-se as produções, acabou-se com as pescas e tudo isso com que Cavaco embarcou, meio embebedado. Tudo foi pensado em função deles. <na altura até se podia pensar que isso era um bem, mas afinal havia intenções escondidas. Era apenas para se venderem os produtos deles."
O que podemos fazer?
"Se ao menos fôssemos capazes de voltar ao campo já não tínhamos fome. As crises às vezes são oportunidades... SE esta nos levasse de novo ao campo, não para ficar lá, mas para aproveitar a riqueza que nos dá, libertava-nos de muita importação."
A Igreja está a fazer o seu papel ou tem-se distanciado das pessoas?
"A Igreja faz festas muito bonitas e esquece-se de vir para o meio daqueles que sofrem. Tem acordado muito, mas atitudes que tem tomado são mais no sentido da assistenciazinha, da caridadezinha. Tem de ir mais longe.Ela mesmo tem que dar sinais."
Que tipo de sinais?
"Devíamos ser capazes de vender esse ouro todo que anda ao pescoço dos santos nas procissões.Os cordões e o anéis que o povo quer ver pendurados nos santos, para que prestam? 

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