terça-feira, 31 de julho de 2012

PODER LOCAL: QUE FUTURO?

O Poder Local democrático para além da Liberdade de expressão, foi, quanto a mim, a maior conquista de Abril. Mas sempre lhe coloquei uma reserva: estou convencido, embora a revolução e evolução que se regista por todo o Portugal, que com metade do investimento efectuado se teria feito o dobro. Estragou-se muito dinheiro em investimentos megalómanos, deu-se palco a  quem o não merecia, por falta de preparação para subir ao mesmo, partidarizou-se num processo negativo de oportunismo. Içou-se ao poder quem falou mais alto, quem agitou mais bandeiras ou colou mais cartazes. E o resultado está à vista.
Construiu-se muito, há pavilhões multi-usos por todo o lado, há uma proliferação de piscinas, de pavilhões, habitação social, na maioria dos casos mal distribuida, bastando para o parque automóvel na envolvente, rotundas, se possível, três ou quatro por cidade ou concelho, mas muitas dessas terras, não cuidaram do saneamento básico, pois esse não dá votos, já que fica enterrado. O dinheiro da Europa fez perder a cabeça da maioria das Câmaras, as quais se esqueceram de que teriam de investir 30% e não tinham estaleca para isso. Veio o natural endividamento. E aí está o Poder Local, em hora de crise, de pantanas, algumas autarquias sem dinheiro até para comprar papel higiénico...
No meio desta derindana de desmandos e desorientação, de penacho político, só uma maioria de presidentes de Juntas de Freguesia, sobretudo no interior, é que tem sido gente que percebeu o mandato de Abril. E como são escrutinados dia a dia, ao pé da porta, não atravessando o território da sua jurisdição em automóveis topo de gama, lá vão cumprindo. E como cumprem, há em campo uma perseguição para que estas autarquias sejam banidas do Poder Local. Persegue-se, para matar.
E, no meio desta confusão, apetece-me estacionar na minha terra e meditar no futuro que lhe estará reservado, tendo em conta o que se vê, o que se lê e o que ouve. No Partido que há 36 anos governa, sentem-se fissuras, já que o Partido nunca existiu com a força que lhe era dada pela presença no poder, pois houve sempre, por vontade de quem mandava, que não deveria aparecer nova gente e gente nova, numa demonstração de alternância democrática. E os resultados da má escola estão à vista. Ouve-se o borbulhar o desejo de mando de quem nunca teve estaleca para isso, mas a força dos votos, o caciquismo anda na praça, prenunciando um amanhã que não deixará de envergonhar quem se envolver na luta eleitoral. Mas tal não acontece no partido líder, mas também na oposição, sobretudo na maior, na qual também se contam espingardas para alcançar o poleiro. Nem as derrotas constantes servem de lição.
Depois, a envolver esta situação, há a falta de dinheiro e o anunciar de uma amanhã ainda com mais dificuldades. Quem vier a surgir no Poder não terá vida fácil, não só na minha terra, mas em 99,9% do país.
Vamos todos ficar a olhar para as obras feitas - umas bem e outras muito mal. E não haverá dinheiro para mais nada. O amanhã será negro, no valor nos cofres e no valor nas pessoas.  

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